O pós-parto está associado a muitas condições, mas os problemas nas mãos e punhos nesta fase são muitas vezes desvalorizados. A forma como se seguram os recém-nascidos tem tudo para contribuir para a Tenossinovite de Quervain, uma patologia que acontece quando os tendões que permitem a extensão e abertura do polegar ficam inflamados ao nível do punho.
A Tenossinovite de Quervain pode começar com um ligeiro desconforto ao longo do polegar, com períodos de dor mais aguda. Os movimentos de repetição e as profissões onde o polegar se encontra em extensão e abdução podem ser factores de risco, contudo, estudos recentes mostram que esta doença é mais popular entre as grávidas num ponto mais tardio da gravidez e mães recentes com filhos entre os três e nove meses.
É natural que na maternidade, especialmente mães de primeira viagem, procurem pegar nos recém-nascidos da maneira mais confortável, no entanto, há muitas posturas que afetam a mão e punho e provocam dor e desconforto.
A mudança de fraldas, a amamentação, os banhos ou a utilização do telemóvel ao mesmo tempo que se pega num bebé são atividades normais para qualquer puérpera. Estas rotinas diárias vão condicionar um processo inflamatório crescente que, de certo modo, se torna cada vez mais incapacitante, levando por vezes a doente a procurar ajuda médica.
Como tratar esta patologia
O tratamento cirúrgico só se torna necessário em casos mais extremos. Por norma, optamos inicialmente pelo tratamento conservador que permite uma recuperação gradual e com menos riscos.
Neste patamar de tratamento devemo-nos focar em duas vertentes: primeiro, na prevenção dos movimentos de repetição que pode passar, por exemplo, pela utilização de almofada de amamentação, ensino da pega do bebé sem flexão do punho e extensão do polegar (manter punho na posição neutra) e utilização de marsúpios e slings para passeios. Em segundo lugar, diminuir a inflamação com anti-inflamatórios tópicos e orais, sendo que este último deve ser de curta duração e com prescrição médica. Os tratamentos de medicina física e reabilitação são igualmente benéficos embora exigentes numa altura em que o tempo é escasso e quase totalmente preenchido a cuidar de um bebé.
No caso de falência, o tratamento pode passar pela infiltração, se o problema persistir, onde um corticóide pode ser injetado localmente no primeiro compartimento do punho – a taxa de sucesso varia entre aproximadamente 50% a 70%. Esta pode ser realizada durante o período de amamentação. O alívio sintomático demora dois a três dias a surtir efeito. Em alguns casos pode haver uma despigmentação e atrofia cutânea local, uma complicação que deve ser alertada pelo médico à doente.
Em último caso, é feita uma proposta cirúrgica para resolução definitiva da patologia. Nesta intervenção, é removido o tecido inflamatório e são libertados os tendões do compartimento onde se encontram. A cirurgia é realizada em regime de ambulatório com anestesia local ou loco-regional. A mobilização da mão começa no pós-operatório imediato e a recuperação completa dura aproximadamente 1 mês. A taxa de sucesso está perto dos 98%. A maioria das doentes que opta pelo tratamento cirúrgico já esgotou todas as medidas de tratamento conservador ou prefere escolher um tratamento mais definitivo ainda que mais invasivo.
Gostou deste artigo? Para saber mais informações sobre cirurgia de punho e mão pode fazê-lo através do Instagram ou Facebook.