As lesões do punho são muito frequentes nos vários desportos de raquete, incluindo o Ténis e o Padel. Estimam-se cerca de 200.000 praticantes hoje em dia em Portugal (blog AirCourts) e são vários os motivos pelos quais este desporto é atractivo: a curva de aprendizagem é mais fácil e o jogo é sempre jogado a quatro, tornando-o mais social.
Intuitivamente, é fácil separar dois tipos de lesões no padel: primeiro, as lesões traumáticas que ocorrem num evento súbito, como uma queda quando se apoia a mão na parede/chão em que existe um contacto directo do punho ou um movimento brusco do mesmo que condiciona a incapacidade instantaneamente. Em segundo lugar, as lesões de sobrecarga que surgem de forma mais insidiosa, após o jogo ou no dia seguinte.
No grupo das lesões traumáticas, temos as fraturas do rádio e dos ossos do carpo (mais frequentemente escafóide e piramidal) cujo tratamento pode passar pela imobilização (tala ou gesso) ou pela cirurgia. As lesões instáveis e/ou descoaptadas têm habitualmente indicação cirúrgica em doentes ativos e que querem manter o seu nível de atividade. Não existe forma clara de prevenir este tipo de lesões, sendo o cuidado, propriocepção, coordenação e equilíbrio são o melhor treino possível para (eventualmente) as evitar. Na faixa etária acima dos 50 anos e em mulheres pós-menopáusicas, é recomendável identificar os factores de risco para a osteoporosa. Esta última condiciona um risco aumentado de fractura por deterioração da microarquitetura do osso (Sociedade Portuguesa de Reumatologia).
No grupo das lesões de sobrecarga estão as tendinopatias. Para este tipo de lesão são vários os factores que podem condicionar a dor:
- A pega da raquete: a pega continental condiciona mais dor cubital (ECU e FCU) ao contrário da pega martelo que gera mais sobrecarga do lado radial (Extensores do punho e do polegar). É verdade que no Padel a pega continental é mais utilizada e por isso é mais frequente vermos doentes com dor sobre o cúbito distal.
- O peso da raquete: as raquetes mais pesadas agravam a sobrecarga em cada pancada e algumas delas pesam mais de 350 gramas.
- A curva de aprendizagem deste desporto é relativamente rápida mas a bola deve atingir o centro da raquete para absorver mais energia e assim “proteger” o punho. Várias raquetes estão disponíveis no mercado mas as que não têm o peso distribuído de forma homogénea podem eventualmente contribuir para mais instabilidade do punho. Naturalmente que na fase “inicial” de aprendizagem, pode haver mais tendência para a lesão.
- A pancada de esquerda com duas mãos é um factor de risco para dor na mão esquerda, neste caso se a mão dominante for a direita. A supinação exagerada é um dos fatores de risco para algumas das lesões estruturais do punho e a pancada de esquerda é mais rara no padel, sendo habitualmente utilizada por quem já jogava previamente ténis.
- Por fim, a largura do grip ou “overgrip” colocado na raquete pode ser prejudicial se a mão é pequena e for necessário fazer mais força de pega para segurar na raquete. Os tendões flexores dos dedos podem causar dor na palma da mão.
O tratamento deste tipo de lesões é quase exclusivamente conservador. Na prevenção deste tipo de lesões estão obviamente as ajudas técnicas (aulas com professores certificados) que permitem corrigir alguns erros ou simplesmente fazer algumas alterações individuais suficientes para resolver o problema. Os alongamentos e exercícios de elasticidade são importantes para ajustar a tensão muscular e tendinosa, principalmente em atletas não habituados a praticar desporto. Sempre que estas medidas não são eficazes, pode ser necessário recorrer a anti-inflamatórios, repouso e tratamentos de medicina física e reabilitação. Eventualmente a infiltração pode também resolver as queixas, sempre com o objectivo de regressar à prática desportiva.

Agradecimento: Rui Mena (W Padel Country Club)
Pode consultar mais sobre o tema das lesões do punho no desporto na Notícias Magazine.
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