A infiltração é um dos métodos usados em tratamentos não cirúrgicos. É muitas vezes associada a procedimentos dolorosos, mas na verdade alivia a dor e a inflamação. Por esta razão, muitos pacientes ficam relutantes quando sabem que serão tratados através desta técnica, sendo importante esclarecer os receios mais comuns e explicar os mitos mais populares associados à infiltração.
Há dois tipos de infiltrações: as articulares e as não articulares.
As articulares são efectuadas dentro das articulações, como o ombro, punho, joelho ou tornozelo. Em contexto desportivo podem ser realizadas para temporariamente diminuir ou retirar a dor. Esta forma de “mascarar” a dor pode não ser uma cura eficiente; se feita constantemente pode contribuir para o agravamento da lesão. Este contexto surge muito na medicina desportiva/competição para manter os mesmos níveis de (alto) rendimento.
Por outro lado, as infiltrações subcutâneas e peritendinosas, são feitas junto ao tendão; estas são as mais frequentes na área da mão e punho. Normalmente, são feitas em tendinopatias (tendinites) como o dedo em gatilho ou a tenossinovite de Quervain. Este tipo de tratamento é feito com uma agulha fina e muito pequena. A infiltração é realizada com lidocaína, um anestésico local e o corticóide. A dor resultante da infiltração é habitualmente bem tolerada. O procedimento demora apenas dois minutos e pode ser comparável a uma vacina, não precisando de ser planeado e podendo logo ser realizado imediatamente após a consulta médica.
Vamos então agora olhar para os mitos associados a estes procedimentos. Muitos doentes acreditam que as infiltrações envolvem necessariamente a dor. Porquê? Porque sempre que se pensa em infiltrações, pensa-se em agulhas grandes com espaços de pele dilatados, injeções de 10 mililitros numa só articulação e muita dor. Estes exemplos podem estender-se por muito tempo e, por isso, este processo é muito temido pelos doentes. No entanto, a grande maioria das infiltrações não tem estas características. Sabia que na mão e punho, o volume infiltrado é de aproximadamente três mililitros? A taxa de eficácia ronda os 70% e após a infiltração, a dor associada pode durar cerca de dois ou três dias e a melhoria sintomática progressiva até os 14 a 21 dias (nesta altura já o doente deve estar sem dor e a real eficácia da infiltração pode ser avaliada). O segundo grande mito está relacionado com o corticóide. A cortisona é um fármaco com ação anti-inflamatória e imunossupressora muito associado ao aumento de peso rápido. Nestes casos, a dose de cortisona é muito reduzida e não existe absorção sistémica (entrada em circulação) considerável. Os corticóides podem ter efeitos adversos quando tomados de forma sistémica e crónica.
As infiltrações são das formas de tratamento mais frequentes e também das que levantam mais questões; muitas vezes levam à criação de ideias menos correctas ou mesmo mitos. São, porém, dos tratamentos mais eficazes e muitas vezes usados no tratamento conservador.
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